Sobre o projeto

Janelas Desobedientes aborda o impacto do coronavírus na cultura urbana, do ponto de vista da cidade de São Paulo (SP, Brasil). Projeto realizado na disciplina Arte e Design de Interface em Escala Urbana, da pós-graduação em Design da FAUUSP, investiga a potência do som como marcador social e indicador político e ideológico da recepção da quarentena na cidade.

Ao longo de três meses (março a junho), fizemos a captação de áudio coletiva. As coletas aconteceram de diferentes pontos da região metropolitana, Baixada Santista, Atibaia e em Santiago do Chile, possibilitando diferentes camadas de comparação.

Os áudios foram registrados três vezes ao dia e também nos "janelaços" (momentos de protesto, feitos a partir das janelas) contra as declarações e atitudes do Presidente Jair Bolsonaro frente à pandemia.

Essa documentação sonora foi utilizada de diferentes formas, buscando dar visualidade e geografia às informações recolhidas. A heterogeneidade social da cidade de São Paulo e as particularidades "negacionistas" da presidência de Jair Bolsonaro sobre a realidade da pandemia, impuseram às inéditas condições de isolamento social características que se tornaram evidentes na nova paisagem sonora da cidade.

Nos bairros centrais, os ruídos da infraestrutura urbana foram substituídos pelo canto de pássaros. Contudo, a 30 km dali, na periferia, a música do funk e dos cânticos evangélicos nas igrejas, os encontros na rua, a impossibilidade de trabalhar de casa e a proximidade com as diretrizes do bolsonarismo expressaram que o som da cidade revela não apenas marcadores sociais, mas no caso brasileiro, dados políticos e ideológicos, indicando que o mapeamento sonoro pode funcionar como uma metodologia para pensar o urbanismo a partir do Sul Global.

Ao longo da captação dos áudios, as discussões semanais em sala de aula (via Google Meet), indicaram outras possibilidades para a utilização e documentação desse mesmo material. Assim, para além da plataforma Janelas Dissonantes, inicialmente concebida como um estudo para uma instalação expositiva, foram desenvolvidos Ainda Estamos Vivos (que participará da Bienal de la Imagen en Movimiento, em Buenos Aires Argentina), Burrice Artificial (de Matheus da Rocha Montanari) e os ensaios fotográficos Sonoras (de Alline Nakamura) e Perdidos da infância - Uma arqueologia praiana do plástico (de Marcos Assis Piffer). Em Relatos todos os membros da equipe falam da experiência deste trabalho coletivo, realizado integralmente na quarentena.

A coordenação geral do projeto é de Giselle Beiguelman. O site foi desenvolvido por Ícaro Lira. Lidia Debbane, Helena Cavalheiro, e Paula Monroy foram as editoras que fizeram acontecer com a colaboração de Laura Salerno. Vinicius Santos Almeida, que mobilizou a discussão sobre as diferentes sonoridades da cidade na quarentena, e Ana Paula Leal deram os eixos conceituais das Janelas Dissonantes, plataforma criada e desenvolvida por Matheus Montanari. Sandra Kaffka foi a voz da consciência crítica que geriu todas as etapas do nosso processo. A direção de arte é de Maria Claudia Levy. Alline Nakamura, Iago Santos e Marcos Assis Piffer estiveram conosco o tempo todo. Os áudios foram gravados por todos os membros da equipe. Luciana Moherdaui, pós-doutoranda na FAUUSP, encontrou forças e tempo para colaborar conosco, ainda que dedicada integralmente a sua pesquisa sobre Telas Urbanas. Bruno Moreschi, também pós-doutorando na FAUUSP, dividiu a disciplina com a professora Giselle Beiguelman, trazendo aportes decisivos às aulas e às dissidências de nossas janelas desobedientes.

Na mídia


Ouvindo a Pandemia Diálogos Mecila #3, 01 de julho de 2020.


Grupo de pesquisadores aproveita mudanças da quarentena para analisar sons da capital, Rede Globo, SPTV, 22 de maio de 2020.


Como são os sons da cidade na quarentena? Jornal da USP, 27 de abril de 2020.


Jornal da TV Cultura, 22 de abril de 2020

Com Emicida, podcast discute o silêncio e o ruído na quarentena,.Podcast Expresso Ilustrada, 16 de abril de 2020.


Artistas gravam sons das cidades que ficaram desertas por causa do coronavírus.Folha de S. Paulo, 11 de abril de 2020.